Estações Cacau Conduru

Ilhéus, 2018

Processos

Sobre as Estações

O projeto das Estações Cacau Conduru foi nosso primeiro contato com o universo da cacauilcultura. Então, quase nada sabíamos sobre o plantio, a colheita e os detalhes da fabricação de chocolates propriamente. A visita a uma fazenda produtora em Ilhéus, entretanto, deu-nos a oportunidade de aprender sobre o manejo sustentável do chamado Cacau-Cabruca, do cultivo dos cacaueiros à sombra de grandes árvores na floresta, à colheita do fruto e seu beneficiamento. Mas mais que isso, permitiu-nos entender precisamente as especificidades das chamadas Estações Cacau: o que são, para que servem e quais as exigências técnicas a se observar para sua construção. As Estações servem basicamente ao abrigo dos cochos de fermentação do cacau. Devem estar resguardadas de grandes variações climáticas externas e dispor de recursos para o controle da ventilação, dado que temperatura e umidade são fatores determinantes para a qualidade das amêndoas de cacau produzidas, com influência direta em seu aroma e sabor. Uma clareira existente na fazenda - de resto tomada pela Mata Atlântica - pareceu-nos prontamente o sítio ideal para implantação das unidades, pois dispensava uma operação de desmate. Nosso objetivo, ademais, era assentar o programa construído e reflorestar o entorno, de modo a fazer desaparecer a clareira e manter as Estações, como os próprios cacaueiros nas plantações, protegidas do sol e à sombra das árvores. Dentro de uma malha estrutural ortogonal 3.50 x 3.50m foram alocadas nove Estações, um depósito e uma via para trânsito dos reboques que trazem o cacau das plantações. Combinados à medida de dois ou quatro módulos, as construções foram dispostas de forma contígua e alternada ao longo dessa via de circulação - linear e coberta -, de modo ainda a deixar entre uma e outra espaço para pátios de manobra. As Estações têm em si inspiração numa já consagrada tipologia – o volume com cobertura de uma água e largos beirais. Contam também com alvenarias cerâmicas, telhas metálicas e um caixilho estreito junto à parte mais alta do telhado, a permitir o escape do ar úmido e de compostos voláteis resultantes da fermentação, além do necessário controle de luz e temperatura. Tanto a implantação como a solução modular adotada para o conjunto visaram ainda facilitar o acréscimo de novas unidades em um eventual plano de expansão.